Matéria publicada no jornal Correio do Povo, em 2 de agosto de 2023.
Taxação de derivados de leite não incluídos no acordo do Mercosul ou procedentes de países de fora do bloco é uma das alternativas, diz deputado
O governo federal avalia medidas para conter as importações de leite e lácteos, que vêm trazendo dificuldades competitivas aos pecuaristas gaúchos. A informação é do deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), que se reuniu com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, na terça-feira (1), em Brasília. Uma das medidas sugeridas, segundo o parlamentar, é a taxação da importação de derivados de leite não incluídos no acordo do Mercosul ou procedentes de países que não fazem parte do bloco.
“O vice-presidente já sabia do assunto, já estava em discussão a taxação de em torno de 11% para esses produtos. (Isso) tem impacto porque reduz o volume de lácteos que entra no país”, disse Moreira. No primeiro semestre deste ano, o Brasil importou 116 mil toneladas de leite, creme de leite e lácteos (exceto manteiga e queijo), um salto de 240% frente ao volume adquirido no mesmo período de 2022, de acordo com dados do governo federal. A maior parte dos embarques vem da Argentina e do Uruguai, e os pecuaristas reclamam que os itens ingressam no Brasil com preços inferiores aos produzidos localmente.
Também foi solicitado ao governo federal, explicou Moreira, que investigue uma suposta prática de dumping pelos produtores uruguaios. Segundo o deputado, os volumes de leite exportados pelo Uruguai não são condizentes com sua capacidade produtiva. “Tudo indica que estão armazenando leite há dois, três anos. Como o Uruguai não tem estoque regulador para armazenar leite de um ano para o outro, dificilmente esse leite é produzido por eles”, afirmou.
O setor leiteiro pede ainda que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) faça uma inspeção sanitária da produção de leite uruguaia. “Há conhecimento de que as condições sanitárias de parte dos produtores são inferiores à nossa”, disse Moreira. “O que deixamos claro para eles (o governo federal) é que, se nós não tomarmos providência rápida, vai começar a se matar as matrizes”, enfatizou.