Alceu Moreira
Deputado federal (MDB-RS)
Artigo publicado no jornal Correio do Povo, em 10 de junho de 2025.
Imaginem comigo o recado que o Brasil transmite aos seus investidores – locais e do mundo inteiro – quando tem um governo que, de acordo com o humor do dia, decide repentinamente anunciar um aumento sobre a alíquota do IOF. E pior: em menos de 24 horas, recua de parte da própria decisão porque se deu conta de que as repercussões foram negativas – o que, convenhamos, era uma coisa mais do que óbvia.
O fato é que essa instabilidade, bem como a falta de dimensão sobre os próprios atos, se torna tão devastadora para a economia do país quanto os efeitos desse mais novo tarifaço. Mais do que isso, revelam um governo a cada dia mais desarticulado para construir consensos, que gasta muito mal e resiste em fazer os ajustes fiscais necessários, jogando a conta de toda a sua irresponsabilidade para o cidadão brasileiro pagar.
Elevar o IOF não é uma medida louvável e jamais será. Somada a uma taxa de juros que já está absolutamente alta – e justamente alerta à ausência do governo Lula com a austeridade financeira –, significa tornar mais caro o acesso ao crédito para MEIs, micros, pequenas e médias empresas, hoje responsáveis por mais de 70% da geração de empregos do país.
Aumentar impostos para fins meramente arrecadatórios não é justo com os milhares que acordam cedo, dormem tarde, já contribuem demais para o Estado brasileiro e estão fartos de assistir todos os dias à farra alheia com o dinheiro público, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, essa fatura chegará para eles. Foi assim no escândalo do INSS, no rombo bilionário dos Correios e, até mesmo, no populismo barato de isentar as pessoas da conta de luz – que nada mais significa dar com uma mão e tirar com a outra.
Se, no mês de junho, o Palácio do Planalto já está preocupado em não atingir a meta fiscal do ano, que façam aquilo que realmente precisa ser feito: cortem na carne, fechem a torneira, porque a economia do país não é uma brincadeira.